Fonte da imagem: http://versatilrp.files.wordpress.com/2011/04/pesquisa-ilustracao2.jpg
Para que serve, afinal, a
ciência? Basta pesquisar as lendas
capixabas ao recorrer aos métodos da Ciência da Informação? Diante dessas questões, surge a
possibilidade de discutir a seguinte citação: "a
realidade é sempre mais complexa do que podemos perceber; por isso pesquisamos.
Ela é sempre diferente do que gostaríamos que fosse; por isso tentamos
modificá-la” (TOMANIK, 2004, p. 218).
A
realidade não é estática, então, os conhecimentos produzidos sobre ela devem
ser capazes de acompanhar e de refletir mudanças (TOMANIK, 2004). Diante dessa
colocação, destacam-se as imagens do filme Matrix (1999), ficção
cinematográfica na qual a máquina é a representação de um sistema artificial
que aprisiona e manipula a mente das pessoas. Na ficção, há escolha entre a
pílula azul e a vermelha. A primeira mantém o sistema de dominação por meio da
sua tecnologia e a outra possibilita enxergar o mundo como realmente ele é.
Assim, diante dessa metáfora torna-se possível pensar na pesquisa como uma
pílula que abre uma porta para a realidade vivida? Ou, como uma Matrix que
conduz o pesquisador para percepções do desejado, porém, do não vivido?
Na
verdade, não há uma receita mágica, uma pílula que defina o que é a ciência e
os seus benefícios em qualquer campo de atuação, inclusive na Ciência da
Informação. A sua plataforma de trabalho deve ser cunhada na realidade, ao constituir-se como um emaranhado de dúvidas, impressões provisórias e de
informações parciais. “A questão é saber distinguir bons temas [e problemas],
capazes, ao mesmo tempo, de sustentar uma mobilização e propiciar a geração de
informações proveitosas” (TOMANIK,
2004, p. 208) para a sociedade. Nesse sentido, faz-se
necessário estabelecer contato com o mundo, com os sujeitos envolvidos no
processo, sendo que, saberes e fazeres de uma pesquisa são
caminhos para o diálogo e para a superação das dificuldades que possam surgir.
Trabalhar
os problemas de um projeto ao partir de uma única perspectiva ocasiona no risco
de produção de pesquisas com visões distorcidas da realidade. Qualquer
tentativa de investigação social esbarra em problemas complexos, o que exige
por parte do pesquisador conhecimentos de várias áreas de atuação. No
caso da pesquisa de lendas capixabas na Região Metropolitana da Grande Vitória
(ES) é necessário pensar na constituição de um estudo multidisciplinar, o que
requer do pesquisador e dos colaboradores uma negação da tendência de
hipervalorização dos próprios campos de atuação. “Cada ciência estuda um
aspecto particular da realidade. Isto faz com que, isoladamente, nenhuma delas
seja capaz de traduzir a realidade toda, ou de fornecer explicações e sugerir
alternativas para qualquer aspecto da vida social” (TOMANIK, 2004, p.
198).
"O
recurso metodológico da divisão artificial da realidade deve dar lugar, aqui, a
um outro procedimento, o da recomposição dos conhecimentos, se pretende-se
conhecer a realidade tal como ela está, para tentar transformá-la no que
gostaríamos que fosse" (TOMANIK, 2004, p. 198). Todavia,
o compromisso do pesquisador com o grupo é considerado como o divisor de águas nessa breve reflexão, porém, não há nenhuma receita pronta e uma boa dose de resistência à
frustração também pode ser necessária durante a trajetória. Torna-se, então, o momento da realização de planejamentos e pesquisas
dialógicas. Por que não pensar numa definição de ciência ao partir da perspectiva do diálogo? Essa outra questão dará pano para manga, ou melhor, pano para outros tecidos, narrativas, pesquisas...
REFERÊNCIAS:
MATRIX. Direção: Andy
Wachowski; Lana Wachowski. Elenco: Carrie-Anne Moss; Keanu Reeves; Laurence Fishburne; Hugo Weaving e
outros. Roteiro: Andy Wachowski; Lana Wachowski. EUA: Silver Pictures; Village Roadshow
Productions; Warner Bros, 1999.
TOMANIK, Eduardo Augusto. O
olhar no espelho: conversas sobre a pesquisa em Ciências Sociais. Maringá:
Eduem, 2004.
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